sábado, 31 de março de 2012

Por mais mulheres na política!


 Senadora Patrícia Saboya

Neste mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, é natural fazermos reflexões sobre nossas conquistas e desafios. Um dos campos em que ainda precisamos avançar bastante é o da vida pública. De acordo com a União Interparlamentar, organização com sede em Genebra, na Suíça, o Brasil ocupa o 146º lugar no ranking da participação feminina nos Parlamentos de 192 países do mundo. Infelizmente, no nosso País, eleição após eleição, nenhum partido consegue cumprir a cota de no máximo 70% e no mínimo 30% de candidaturas para cada sexo, prevista na legislação brasileira. 

Ao analisarmos os dados das eleições de 2008, constatamos que a presença feminina na política ainda é minoritária, apesar de sermos 51,2% da população nacional e 51,7% do eleitorado brasileiro. Para as prefeituras de todo o Brasil, foram eleitas 504 mulheres (9,08%) e 5.042 homens (90,92%). A situação no Legislativo é um pouco melhor. Foram eleitas 6.505 vereadoras - 12,52% do total. A região que elegeu mais prefeitas e vereadoras foi o nordeste, com 12,83% e 14,80% respectivamente. O sudeste figura em último lugar na quantidade de vereadoras eleitas nas últimas eleições com o percentual de 10,61%. Já em relação às prefeitas eleitas, a região ficou na penúltima posição, com 7,13% de mulheres no comando do executivo municipal.

Um conjunto de fatores contribui para essa participação feminina pouco expressiva em termos numéricos. Entre os principais está a falta de investimento dos partidos em formação de quadros femininos. Algumas legendas correm atrás de mulheres na última hora apenas para preencher as cotas. Por outro lado, muitas mulheres têm receio de entrar na política por acharem que se trata de um mundo ainda bastante masculino e preconceituoso e por não terem as condições necessárias para conciliar as tarefas familiares com essa atividade.

É fundamental estimular a entrada de mulheres sérias e preparadas na vida pública. E isso passa por um maior investimento dos partidos na qualificação de seus quadros e por uma mudança de mentalidade quanto à importância da participação da mulher. Essa presença deve ser forte em todas as esferas partidárias, desde a base até a cúpula, o que, atualmente, acontece muito menos do que o desejável. No meu estado, o Ceará, por exemplo, as mulheres são a grande maioria entre as lideranças comunitárias. Elas estão no dia-a-dia dos bairros, lutando por educação, saúde, saneamento e segurança pública de qualidade. Mas ainda são poucas as que conseguem ascender dentro da estrutura partidária, justamente porque não encontram o apoio necessário para abraçar esse desafio.

É claro que temos avançado. Cada vez mais, conseguimos imprimir o nosso estilo de fazer política. As mulheres não precisam mais agir com a agressividade que marcou sua atuação quando começaram a entrar na vida pública. Muitas vezes, achávamos que devíamos repetir o padrão masculino para nos sobressair nesse universo dominado pelos homens. Hoje o panorama é diferente: nós mulheres políticas já nos permitimos mostrar nosso jeito mais suave, sem, no entanto, perder a determinação na hora de lutar pelas causas que defendemos.

Com o passar do tempo, as mulheres deixaram de atuar exclusivamente na área social, passando a se destacar em todos os campos. Várias, inclusive, chegaram ao principal posto de seus países. Na América do Sul, temos Cristina Kirchner, na Argentina, e Michelle Bachelet, no Chile. Também são mulheres as chefes de Estado ou de governo de países como Alemanha, Finlândia, Irlanda, Coréia do Sul, Índia, Nova Zelândia, Filipinas, Libéria e Moçambique.

No Brasil, embora sejamos minoria no Congresso Nacional, aos poucos, vamos conquistando novos espaços. No Senado, pela primeira vez duas mulheres ocupam a Mesa Diretora: a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), como 2ª Vice-Presidente, e eu, como 4ª Secretária. Na Câmara, a bancada feminina terá direito a voz e voto no Colégio de Líderes, encarregado de decidir a pauta da Casa. Essas vitórias fortalecem toda a sociedade e não apenas as mulheres. Isso porque a política tem de ser feita por homens e mulheres, em parceria e com o mesmo poder de influência nas decisões capazes de melhorar as condições de vida da nossa população.

Patrícia Saboya Patrícia Saboya é senadora pelo PDT do Ceará, quarta secretária da Mesa Diretora do Senado e coordenadora da Frente Parlamentar pela Criança e pelo Adolescente

artigo publicado em 10/03/2009  no JORNAL DO BRASIL - RJ

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